O projeto Redes e Fluxos do Território constitui uma linha de investigação que objetiva analisar os relacionamentos e as ligações entre as Cidades brasileiras, bem como a sua acessibilidade e a configuração espacial de suas trocas, quer de natureza material (pessoas, mercadorias, cargas), quer imaterial (informações, dinheiro, gestão).

Com esta publicação, o IBGE apresenta os resultados de sua mais recente investigação sobre o tema, que contempla, a exemplo da anterior, referida a 2010, os fluxos derivados do transporte aéreo, visando não só retratar a posição das Cidades brasileiras no sistema urbano nacional a partir desse modal, como também avaliar as suas acessibilidades sob a perspectiva dos custos tarifários, das opções de passagens voadas e dos tempos de viagens a partir daquelas com aeroportos, além de caracterizar o seu acesso por passageiros que precisam se deslocar de outras Cidades que não possuem serviço regular de transporte aéreo.

Nesta edição, vale destacar, em virtude da pandemia de COVID-19, optou-se por abordar as relações entre as Cidades brasileiras por meio do transporte aéreo em uma situação de “normalidade” operacional, utilizando-se para tal os dados de 2019, e indicar, ainda que preliminarmente, os impactos pandêmicos no setor com base nos dados de 2020. Nesse sentido, foram utilizadas três bases principais. A primeira reúne informações da Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC, cujos registros permitiram caracterizar a movimentação de passageiros e cargas e subsidiaram a análise da acessibilidade das Cidades, a partir dos dados sobre os voos diretos de cada aeroporto. A segunda, também da ANAC, contém os microdados das tarifas aéreas comercializadas, os quais possibilitaram caracterizar a acessibilidade das Cidades com aeroportos e definir um padrão geográfico de interação entre elas, tendo como referência a origem e o destino final das viagens. A terceira base, da Secretaria de Aviação Civil em parceria com o Laboratório de Transporte e Logística - Labtrans, da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, resulta do cruzamento de diversos dados oficiais com informações big data de deslocamento de celulares captadas por torres de transmissão de telefonia móvel, gerando, assim, uma matriz de origem-destino de todos os que se deslocaram para acessar aeroportos e do quantitativo dos que o fizeram, o que viabilizou a caracterização desse acesso por passageiros de outras Cidades, obtendo-se, adicionalmente, um perfil regional daquelas  com aeroporto.

Dada a relação dos fluxos aéreos com a rede urbana, o conjunto dessas informações, além de propiciar a análise de um aspecto importante da realidade brasileira, oferece, ainda, insumos para a próxima edição da pesquisa Regiões de Influência das Cidades - Regic, ao espelhar como a rede urbana se estrutura e operacionaliza as conexões entre Cidades.